Nosce te ipsum.

" Se você não pode enxergar a própria sombra, precisa procurá-la. A sombra se esconde na vergonha, nos becos escuros, nas passagens secretas e nos sótãos fantasmagóricos de sua consciência. Ter um lado sombrio não é possuir uma falha, mas ser completo. Há uma dura verdade a confrontar. Estamos todos vivendo com os destroços de ideias fracassadas que um dia pareceram soluções perfeitas. Cada solução combina com o quadro daquilo que constitui o lado sombrio. "
( O Efeito Sombra. )

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Colinas.

Não há suporte que consiga suportar. Não há paciência que salve o pescoço de quem está por aqui. Não há santo forte, não há entidade, não há espaço nos céus imaginários. O relógio está na parede e no escuro o tic tac reina só para provar que nada mais pode ser feito, que já é tarde demais. A loucura consumiu todos os tecidos, todos os fios de racionalidade e as colinas parecem ser mais seguras agora. Duas opções: Corra ou morra! Correr não resolverá, a dor tem grande preferencia por alvos em movimentos. Ausência de afeto, de entendimento. Excesso de gritos, tapas e lágrimas. Deixou de ser casa e tornou-se manicômio. Corpos vazios, mentes saturadas voando pelos cantos sem nada mais a dizer ou fazer. Ninguem acredita em ser feliz ou em sentir. As faces estão cansadas, as costas doem, a cabeça explode, voam destroços por todo lado e eu permaneço trancada, só para evitar ao máximo o inferno que sobe e desce as escadas o tempo inteiro. Fora isso, lá na rua o inferno não está tão diferente. O unico lugar aparentemente seguro é esse em que estou, o intermédio, o meio termo, o espaço de transição. Tudo parece mentira. Sinto vontade de vomitar. Não existe irmandade, parceria. Existe apenas o vazio nas relações. Tudo bem, não se preocupe, não há nada que umas marcas em V no pescoço não possam resolver. Ou piorar. As noites antes mal dormidas, agora não são dormidas mesmo, insônia coletiva. Nada relacionado a alguem em especial, e sim, a todos nós que cá estamos. Até.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

" Às vezes sofro tanto... Estou assustado e sozinho. Estou afundando lentamente num vasto lago de areia movediça. Um poço sem fundo. Gostaria de poder rastejar para baixo de uma pedra e dormir para sempre." ( Orações para Bobby. )

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

E o cão, ao sentir-se ameaçado recua novamente. O dono se pergunta quantas noites em claro serão necessárias para que algo possa ser aprendido. O cão não late, apenas pulsa. Pulsa o pulso que até hoje permanece pulsante a pulsar. CãoAbrevia-seC-oraç-ão. Você entende o quanto cão pode ser esse tal Coração- Com "C" maiúsculo por ser próprio, por ter vida própria. Uma noite inteira se fez em lágrimas, e quem liga? :)

domingo, 23 de setembro de 2012

Há algum tempo eu acabei descobrindo que não se vive contando gotas. Não existe meio sorriso, meia lágrima, meio grito, meio amor. Inventamos amores dia e noite, ficamos distraidos e deixamos escapar o que nunca precisaria ser inventado. Vivemos no ócio chamado existir. E eu só não quero ter um fim como o daqueles que certa vez de forma errada julguei como fracos. Não quero findar sangrando aos quatro cantos ou pendurada como decoração macabra do dia das bruxas. Ainda há muito a ser feito, só preciso descobrir por onde começar, antes que seja tarde demais -se é que já não perdi a hora-. Estou cansada. Risos. Risos. Risos. E se ainda me perguntam o que tenho feito todos os dias... A resposta é curta: Tenho navegado dentro de mim até chegar naquela parte que ninguem mais pode ver e só então encontro paz. Cada um de nós encontra as nossas proprias fugas em linhas pessoais, seja no pulso, seja na mesa, seja no trêm. Linhas de pele, em pó, de metal. E se me perguntam o que penso sobre isso... Eu descubro que já nem penso mais.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Carta.


 " Entre os raios prateados de uma luz brilhante encontro na clareira a donzela que dança e canta, caminha e corre, pula e vive. Se mover é vida, tudo que segue caminha, vai para algum lugar, pulsa, ondula e se reverbera. Ação! Essa é a palavra que lhe define, atuar ou ser aquela pessoa que escolhe e mesmo não querendo, por saber o peso que isso nos traz, assume a responsabilidade pelos seus ATOS, átomos, ações e reações. Em teu espelho vejo a coragem, em teu caminhar desbravador vejo a firmeza e em tua face percebo a alegria que se mistura com a tristeza, que me leva a ver a inconstância e o ponto de mutação da pessoa que deixa estar e se levar pelo seu desejo, sua escolha e instinto-intuição. Aprender com as mazelas da vida é provar do sabor amargo, beber também do doce, que é os múltiplos contrapontos que é a vida. Dizer que aceitar as escolhas é fácil é o mesmo que dizer que podemos segurar montanhas com uma única mão. Precisamos de duas, pois o apoio do prumo sempre nos faz equilibrar os pesos. Saiba que EU (P.V.), até quando eu puder ser chamado por esse nome, estarei aqui disposto a ser sua segunda mão para levantar suas montanhas. Te amo. "
(P.V.)

sábado, 21 de abril de 2012

Meio.

Uma hora da manhã e eu já estava com minha camiseta de pijama acinzentada quando o telefone tocou. Mais uma vez alguem decidiu que passaria aqui e me levaria para algum desses lugares que eu já conheço como a palma da minha mão. Não consegui recusar. Quinze minutos depois lá estava eu, com um copo na mão e parcialmente surda por conta do volume do som. Parcialmente surda, parcialmente fora de mim e acabo percebendo que os mesmos lugares de sempre já não me fazem tão bem (talvez nunca tenham feito). O meio underground que sempre me seduziu agora me causa náuseas. Tenho a sensação de que aqui já não é o meu lugar. Há tempos deixei de fazer parte do meio e deixei tambem de ser aceita pelo meio. O meio já não me pertence. O meio, o meio, o meio. O que é o meio? Não é nada. Me arrependo de ter gasto qualquer centavo pagando o passaporte para estar dentro deste antro. Sinto sono, sinto dor, sinto até medo. Só não quero atravessar a ponte depois das dez mais uma vez. Por muito tempo espero não ser vista pelos mesmos rostos. Está na hora de dar um basta nessa coisa toda. A hora é agora e o basta será dado antes que seja tarde demais e o meu corpo tenha se tornado parte do cenário sem graça daqui. O cheiro daqui é ruim, o gosto daqui é ruim. O chão nos prende e nos sufoca e eu preciso de ar. Um monte de gente sem significância entra e sai pela porta da frente. Várias pessoas passando diante de mim, e só o que me chama a atenção são as luzes na parede. O jogo de luz do ambiente é o que há de mais bonito, mais interessante e mais sincero. Círculos, triânculos, quadrados, estrelas... Milhares de figuras se projetam na parede e me deixam extremamente confusa. Me vem uma sensação de desmaio... É hora de ir e eu vou, espero que para não voltar.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Centro.

E ao acordar, pude perceber o quanto o céu nublado estava bonito. O cinza cheio de intensidade me invadiu, uma alegria mórbida tomou conta do meu rosto, e o sorriso veio à tona. A insuportavel ideia de ter que ir ao centro da cidade já não parecia tão ruim assim, afinal, há seculos eu não caminhava por lá. Há semanas eu não pensava em você, então na minha frente passa o velho ônibus que vai ao bairro em que você dizia morar e eu me pergunto onde é que você andará... Tal questionamento já não me faz sentir dor, e eu tenho a sensação de que finalmente estou curada de uma virose que durou quase dois anos. Respiro e espero um pouco para saber se é algo definitivo. É, definitivamente acabou. E isso me faz bem, a sensação de estar livre é linda. Agora é só dar tempo ao tempo e ver no que dará. :)

segunda-feira, 26 de março de 2012

Não sei, mas, sinceramente, eu espero que seguindo em frente você encontre alguem assim tão diferente, que te escreva todas as noites, que te ame intensamente e que saiba lidar com as tuas fraquezas. Sinceramente, é o que espero. Quem sabe assim você volte a se sentir feliz, um tanto viva. De qualquer forma, caso não encontre nada seguindo em frente, olhe para cá, ainda estarei esperando você voltar.

Rupestre.


E é aí que olho para cima e percebo o quanto tudo isso é normal, afinal, até mesmo as nuvens, flutuantes, magnificas, uma hora não suportam o peso que carregam e acabam desabando em lágrimas. Sentimentos, emoções. Coisas que se condensam, desabam, sangram e destroem as represas do ser quem eu sou, ser como sou. Sem entrar em desespero ou colapso eu sigo, com a leveza que me resta, dizendo para os quatro ventos que está tudo bem, que eles podem me levar em paz para longe daqui. Depois de algum tempo, acabamos aprendendo a ignorar muitos dos fatos, e muitas das fugas ao que aparentemente é ideal. Tenho a ideia de que se continuar ficando com nojo de todas as falhas que encontrar por ai, e continuar correndo toda vez que encontrar alguma delas, não conseguirei ir muito longe, muito em frente. Desde quando viver é só flores coloridas e folhas verdes? Na maior parte do tempo, é tudo um tanto mórbido e sem sal, mas só notam os que realmente sabem ver alem do superficial. Preciso de duas latas de tinta grandes para parede, uma de tinta roxa e outra de cinza escuro. Preciso dar cara nova ao meu esconderijo secreto. Preciso mudar as pinturas rupestres que me rodeiam, preciso tirar essas coisas penduradas no teto. São só acúmulo desnecessario de energias que deveriam estar longe daqui. As coisas estão caminhando de forma engraçada, mas nada foge ao normal, creio eu. É isso aí. E que venha o amor de invernos e festivais. :)

quarta-feira, 21 de março de 2012

Vai passar. -CaioFernandoAbreu.

Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada "impulso vital". Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te supreenderás pensando algo como "estou contente outra vez". Ou simplesmente "continuo", porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar". Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência.
Claro que no começo não terás sono ou dormirás demais. Fumarás muito, também, e talvez até mesmo te permitas tomar alguns desses comprimidos para disfarçar a dor. Claro que no começo, pouco depois de acordar, olhando à tua volta a paisagem de todo dia, sentirás atravessada não sabes se na garganta ou no peito ou na mente - e não importa - essa coisa que chamarás com cuidado, de "uma ausência". E haverá momentos em que esse osso duro se transformará numa espécie de coroa de arame farpado sobre tua cabeça, em garras, ratoeira e tenazes no teu coração. Atravessarás o dia fazendo coisas como tirar a poeira de livros antigos e velhos discos, como se não houvesse nada mais importante a fazer. E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços.
Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio. E morbidamente talvez enumeres todas as vezes que a loucura, a morte, a fome, a doença, a violência e o desespero roçaram teus ombros e os de teus amigos. Serão tantas que desistirás de contar. Então fingirás - aplicadamente, fingirás acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam. Embora saibas que há perdas realmente irreparáveis e que um braço amputado jamais se reconstituirá sozinho. Achando graça, pensarás com inveja na largatixa, regenerando sua própria cauda cortada. Mas no espelho cru, os teus olhos já não acham graça.
Tão longe ficou o tempo, esse, e pensarás, no tempo, naquele, e sentirás uma vontade absurda de tomar atitudes como voltar para a casa de teus avós ou teus pais ou tomar um trem para um lugar desconhecido ou telefonar para um número qualquer (e contar, contar, contar) ou escrever uma carta tão desesperada que alguém se compadeça de ti e corra a te socorrer com chás e bolos, ajeitando as cobertas à tua volta e limpando o suor frio de tua testa.
Já não é tempo de desesperos. Refreias quase seguro as vontades impossíveis. Depois repetes, muitas vezes, como quem masca, ruminas uma frase escrita faz algum tempo. Qualquer coisa assim:
- ... mastiga a ameixa frouxa. Mastiga , mastiga, mastiga: inventa o gosto insípido na boca seca ...


( C.F.A. )

domingo, 18 de março de 2012

....

EU NÃO QUERO SABER!


NÃO QUERO NOTICIAS.




NÃO ESTOU INTERESSADA.



NÃO IMPORTA, SÓ NÃO QUERO SABER.





SEM MAIS.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Dos piores.


O melhor a se fazer é deixar a ferida aberta sangrar. Deixar que sangre até que todo o veneno saia, deixar que o veneno saia e pare de corroer esse coração de batidas fracas. O sangue é frio e escorre por todo o quarto vazio. Um rio vermelho se faz e ninguem consegue enxerga-lo. Ninguem tem conhecimento sobre o que acontece por aqui quando as luzes se apagam. Na verdade, nada fisico acontece. São só as lembranças penduradas no teto, escritas nas paredes e flutuando pelos cantos. Tudo aqui tem um toque daquela que me fez sorrir durante muito tempo. O lado esquerdo da cama e o lado esquerdo do peito, ambos pulsando ao som da falta que ela me faz. Perguntas que não calam, e que ja nao consigo calar. Está na hora de seguir em frente, eu sei. Muito tempo se passou e até tenho consciencia de que é bobagem insistir. Mas, o que posso fazer? Nada que vem até mim consegue me agradar completamente. O que vem me sufoca demais. Quero algo que saiba lidar com os meus vazios e que tenha vazios que eu consiga lidar. Complicado, eu sei. Mas deixa estar. Já disse que seguirei sem expectativa alguma. Expectativas são só o primeiro degrau para uma linda e enorme frustração. Isso não são lamentos. Longe de mim estar aqui com lamentações. Isso são só pensamentos, dos piores. O pior.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Olhos.

Os olhos se cruzam e automaticamente um filme de longa metragem passa dentro de sua mente. Tudo é imaginado. Primeiro é imaginada uma forma de contato inicial, logo depois vem o relacionamento sério, flores, cartões e o mar de maravilhas e sentimentalismo e então vem a dor, o desapego necessario após o fim. Tudo acontece rápido demais. Elas viveram uma história de amor de quinze segundos, no máximo. E então elas decidem seguir em frente, cortar bruscamente os olhares cruzados. Elas sabem que há uma pequena chance daqueles olhos se cruzarem novamente. Algo de um em oitocentos mil. Elas tem consciência... E mesmo assim, deixam isso escapar por entre os dedos. Elas apenas seguem em frente, e em um ou dois dias elas sequer se recordarão da troca de olhares. Elas seguem em frente por medo do fim do filme. Por medo de que se passem anos e a dor permaneça. A dor de algo que sequer iniciou, mas que já se sente o fim. Sem mais.
Tô aqui aprendendo que nem todos dão valor ao que você pode oferecer, e acabar demonstrando afeto demais começa a encher o saco, e eu digo tudo isso da minha parte. Chega de ligações, preocupações, sentimentos demonstrados aos extremos. Vou ficar mais relaxada mesmo, não quer me ligar, não liga, mas também não ligarei. Não quer me ver, não me veja, mas também não sairei que nem doida atrás de você pra saber se a gente vai se ver, que horas é o nosso encontro, não mais. É apenas um aviso que eu deixo bem simples: se quiser, me procura você. - Caio F. Abreu.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Certas coisas são infinitamente desnecessárias. Juro que são. Principalmente essas buscas inesperadas durante a noite.
Buscas que eu gosto tanto e me deixam bem.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Só mais do mesmo.


Na verdade, o que havia em mim de mais sincero e bonitinho foi levado embora e já faz um tempo. O vento levou para o oeste e nunca mais trouxe de volta. Complicado, eu sei. E chega a ser lamentável, de certa forma, afinal, qualquer pessoa que se aproxime não encontrará algo de interessante por aqui. Não quero que venham atrás de mim buscando estabilidade, sentimentalismo e todo o mimimi. Eu não tenho isso, por hora. Sou suficientemente confusa, autodestrutiva e arrogante. Posso jurar com os pés juntos que está tudo bem, está tudo certo... Quando definitivamente, tudo está caindo. O meu exoesqueleto emocional está com falhas enormes. Ele já não está tão flexivel e já não protege tanto o que há por dentro. Por hora, não quero nada pegajoso, pedindo satisfações e presença. Preciso me sentir livre, preciso sentir o sangue correndo, o vento soprando. Sem ligações, buscas e cobranças por tempo indeterminado, por favor. Quero os meus amigos por perto. Todos eles para que possam bailar ao som das minhas risadas falsas. Quero todos por perto para que escutem mais uma vez a mesma história que conto desde sempre. Sim, sou eu, big fish. Sou o peixe grande que sufoca ardentemente em um aquário pequeno demais. Todos estão cansados de me ouvir dizer que foi assim, isso e aquilo... Todos querem algo novo. Eu sinto muito... Só tenho isso para contar. Quero mais alcool, mais cigarros... Quero mais de muitas coisas. Quero mais de ser livre, e só.