El dolor.

Mas nós funcionamos assim mesmo... Estamos sempre nos adaptando às dores, para torná-las menos dolorosas. Estamos sempre vivendo de esperas, muitas vezes esperas por coisas que temos consciência de que nunca virão. E aí ? É assim mesmo que funciona. É assim mesmo que são os dias e noites passando diante de nós... E o que poderemos fazer ? Deixar estar. Não há absolutamente nada que o tempo não seja capaz de curar... Mas, o tempo é indeterminado. Um dia... Um mês... Dois anos... Duas décadas... O tempo só vai passando e as substituições vão sendo feitas. Procuramos algo aqui e ali que se encaixe no nosso tempo livre para que não precisemos mais pensar nisso ou naquilo. Funciona dessa forma... Até parece que os nossos sentimentos descem as escadas. Noite dessas os olhos não se fecharam... As lágrimas escorriam como dois rios com pouca largura. Na noite seguinte os olhos foram se fechar lá pelas três e meia, três e quarenta e cinco da manhã... Não haviam mais lágrimas. E assim as noites vão seguindo... Até que em uma bela Lua os olhos se fecham às dez e meia. Sem presença de lágrimas, desta vez. E aí você deixa as belas noites bem dormidas de lado e percebe que em uma manhã ensolarada você acordou bem, você está feliz. Sem motivos específicos. Felicidade não precisa de motivos específicos. Você acorda e aquilo está quieto dentro de você. Aquele sentimento enfim resolveu tirar férias, por tempo indeterminado... E talvez ele volte um dia, dez vezes pior... Ou talvez ele só permaneça aí, guardado... Ou até mesmo, algum dia, algo novo surge e toma o lugar de tal sentimento. É a lei natural dos encantos e desencantos... Das ilusões e das desilusões. É a lei natural de tudo que dói, de tudo que fere, de tudo que corta. Então... Se o fundo do poço quer te levar até ele... Pule de cabeça ! Mas se jogue mesmo... E você verá que o sofrimento passa quando você permite que ele seja sofrido. Talvez a dor seja carente demais... Precisa de atenção... E quando você dá a tal atenção... Ela se vai. Ou pelo menos, se esconde. Sem mais.