Nosce te ipsum.
" Se você não pode enxergar a própria sombra, precisa procurá-la. A sombra se esconde na vergonha, nos becos escuros, nas passagens secretas e nos sótãos fantasmagóricos de sua consciência. Ter um lado sombrio não é possuir uma falha, mas ser completo. Há uma dura verdade a confrontar. Estamos todos vivendo com os destroços de ideias fracassadas que um dia pareceram soluções perfeitas. Cada solução combina com o quadro daquilo que constitui o lado sombrio. "
( O Efeito Sombra. )
( O Efeito Sombra. )
sábado, 21 de abril de 2012
Meio.
Uma hora da manhã e eu já estava com minha camiseta de pijama acinzentada quando o telefone tocou. Mais uma vez alguem decidiu que passaria aqui e me levaria para algum desses lugares que eu já conheço como a palma da minha mão. Não consegui recusar. Quinze minutos depois lá estava eu, com um copo na mão e parcialmente surda por conta do volume do som. Parcialmente surda, parcialmente fora de mim e acabo percebendo que os mesmos lugares de sempre já não me fazem tão bem (talvez nunca tenham feito). O meio underground que sempre me seduziu agora me causa náuseas. Tenho a sensação de que aqui já não é o meu lugar. Há tempos deixei de fazer parte do meio e deixei tambem de ser aceita pelo meio. O meio já não me pertence. O meio, o meio, o meio. O que é o meio? Não é nada. Me arrependo de ter gasto qualquer centavo pagando o passaporte para estar dentro deste antro. Sinto sono, sinto dor, sinto até medo. Só não quero atravessar a ponte depois das dez mais uma vez. Por muito tempo espero não ser vista pelos mesmos rostos. Está na hora de dar um basta nessa coisa toda. A hora é agora e o basta será dado antes que seja tarde demais e o meu corpo tenha se tornado parte do cenário sem graça daqui. O cheiro daqui é ruim, o gosto daqui é ruim. O chão nos prende e nos sufoca e eu preciso de ar. Um monte de gente sem significância entra e sai pela porta da frente. Várias pessoas passando diante de mim, e só o que me chama a atenção são as luzes na parede. O jogo de luz do ambiente é o que há de mais bonito, mais interessante e mais sincero. Círculos, triânculos, quadrados, estrelas... Milhares de figuras se projetam na parede e me deixam extremamente confusa. Me vem uma sensação de desmaio... É hora de ir e eu vou, espero que para não voltar.
segunda-feira, 2 de abril de 2012
Centro.
E ao acordar, pude perceber o quanto o céu nublado estava bonito. O cinza cheio de intensidade me invadiu, uma alegria mórbida tomou conta do meu rosto, e o sorriso veio à tona. A insuportavel ideia de ter que ir ao centro da cidade já não parecia tão ruim assim, afinal, há seculos eu não caminhava por lá. Há semanas eu não pensava em você, então na minha frente passa o velho ônibus que vai ao bairro em que você dizia morar e eu me pergunto onde é que você andará... Tal questionamento já não me faz sentir dor, e eu tenho a sensação de que finalmente estou curada de uma virose que durou quase dois anos. Respiro e espero um pouco para saber se é algo definitivo. É, definitivamente acabou. E isso me faz bem, a sensação de estar livre é linda. Agora é só dar tempo ao tempo e ver no que dará. :)
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